quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Teoria de origem do mundo segundo o Candomblé - Minha contribuição contra a marginalização da religião dos negros, um preconceito fundamentado no racismo histórico.

Assim como toda religião tem sua fundamentação teórica, com o Candomblé não poderia ser diferente e, é muito interessante notar a similaridade entre a teoria segundo o Candomblé para a origem do mundo e as teorias do cristianismo, assim como segue:
“No começo não havia separação entre o Orum, o céu dos Orixás e o Aiê, a terra dos humanos. Homens e divindades iam e vinham coabitando e dividindo vidas e aventuras.
Conta-se que quando o Orum fazia limite com o Aiê, um ser humano tocou o Orum com suas mãos sujas. O céu imaculado do Orixá fora conspurcado, o branco imaculado de Obatalá se perdera. Oxalá foi reclamar a Olorum. Olorum, Senhor do Céu, Deus Supremo, irado com a sujeira, o desperdício e a displicência dos mortais, soprou enfurecido seu sopro divino e separou para sempre o céu e a terra.
Assim o Orum separou-se do mundo dos mortais e nenhum homem poderia ir ao Orum e retornar de lá com vida. Isoladas dos humanos os habitantes do Aiê se entristeceram.
Os Orixás tinham saudades de suas peripécias entre os humanos e andavam tristes e amuados. Foram queixar-se com Olodumare que acabou consentindo o que os Orixás pudessem vez por outra voltar a terra.
Para isso, entretanto, teriam que tomar o corpo material de seus devotos. Foi a condição impostas por Olodumare.
Oxum que antes gostava de vir á terra brincar com as mulheres, dividindo com elas sua formosura e vaidade, ensinando-lhes feitiços de adorável sedução e irresistível encanto, recebeu de Olorum um novo encargo: preparar os mortais para receberem seus corpos os Orixás. Oxum fez oferendas a Exú para propiciar sua delicada missão. De seu sucesso dependia a alegria dos seus irmãos e amigos Orixás.
Veio ao Aiê e juntou mulheres a sua volta, banhou seus corpos com ervas preciosas, cortou seus cabelos, raspou suas cabeças, pintou seus corpos. Pintou suas cabeças com pintinhas brancas como as pintas das penas da conquém, como as penas da galinha-d’angola.
Vestiu-as com belíssimos panos e fartos laços, enfeitou-as com jóias e coroas.
O Ori, a cabeça, ela adornou ainda com a pena ecodidé, pluma vermelha, rara e misteriosa do papagaio – da – costa.
Nas mãos as fez levar abebés, espadas, cetros, e nos pulsos dúzias de dourados indés. O colo cobriu com voltas e voltas de coloridas contas e múltiplas fieiras de búzios, cerâmicas e corais.
Na cabeça pôs um cone feito de manteiga de Ori, finas ervas e Obi mascado com todo condimento de que gostam os Orixás.
Esse axo atrairia o Orixá ao Ori da iniciada e o Orixá não tinha como se enganar em seu retorno ao Aiê.
Finalmente, as pequenas esposas estavam feitas, estavam prontas, e estavam Odara.
As Iaôs eram as noivas mais bonitas que a vaidade de Oxum conseguia imaginar. Estavam prontas para os Deuses.
Os Orixás agora tinham seus cavalos, podiam retornar com segurança ao Aiê, podiam cavalgar o corpo das devotas. Os humanos faziam oferendas aos Orixás, convidando-os à terra, aos corpos das Iaôs. Então os Orixás vinham e tomavam seus cavalos.
E, enquanto os homens tocavam seus tambores, vibrando as batas e agogôs, soando os xequerês e adjás enquanto os homens cantavam e davam vivas e aplaudiam, convidando todos os humanos iniciados para a roda do Xirê, os Orixás dançavam e dançavam e dançavam. Os Orixás podiam de novo conviver com os mortais.
Os Orixás estavam felizes!
Na roda das feitas, no corpo das Iaôs, eles dançavam e dançavam e dançavam.
Estava inventado o Candomblé.”

8 comentários:

  1. Se você me permite!!!??? comentarei mesmo sem autorização!!rsrs Belíssimo texto, porém alguns trechos ofuscou a transmissão da idéia central para mim como leitor,isso devido a inserção de algumas pontuações equivocadas e repetições de palavras verbais desnecessárias. Provavelmente, com essas retificações o texto pode chegar próximo da perfeição. Espero que aceite a crítica de bom agrado sem resentimentos. Janine

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  2. Claro q aceito a crítica, é essa mesmo a idéia deste blog. De qualquer maneira agradeço a visita e o comentário, sinta-se à vontade p voltar e comentar sempre!!!! Vou reler o texto com atenção p ver se consigo identificar essas observações q me possam ter me passado desapercebidas e alterar.
    Muito obrigado!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Vitor,adorei seu texto!
    a forma pela qual vc expõe as suas ideias e pontos de vista fazem com que eu te admire cada vez mais.
    Ainda quero ler um livro escrito por vc!
    rs ...

    Carla Harumi

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  5. Vitor
    amei a forma rica e despretenciosa ao mesmo tempo que conseguiu "traduzir" o candomblé, parabéns.
    bjs

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  6. vitor massa mesmo legal vc é o cara

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. belíssima explicação,obrigada pela força ao povo do asé estamos precisando de pessoas esclarecidas para o apoio contra marginalização da nossa religião que é ancestral.Infelizmente essa falta de respeito e informação pela religião de matriz Africana tem uma historia que remete a escravidão e merece ser contada para que as pessoas fiquei sabendo o quanto precisamos lutar para ser aceitos na sociedade preconceituosa,vc foi muito feliz no seu texto,uma verdadeira perola!

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